. ARTIGOS - A VISCOSIDADE LABORAL

(o mote de como fazer funcionar um trabalhador; o óleo que besunta o engenho do que trabalha)
"A viscosidade é a propriedade dos fluidos correspondente ao transporte microscópico de quantidade de movimento por difusão molecular. Ou seja, quanto maior a viscosidade, menor a velocidade em que o fluido se movimenta." Tirado de Wikipedia. Inspirado em Luís Mendonça.

...O biscoito ganho aquando da exposição esmiuçada duma ideia que quer ser aprovada sobre o aval morno da chefia ou seja, que não entre em atrito com, que seja posta como se duma idiotice ou desvio de carácter se tratasse (para que a chefia na sua benevolência aceite ouvi-la, ou mesmo como supra-alquimista transforme com os seus poderes essa idiotice em matéria positiva, não hão os deuses arcaicos comer o desgraçado que deu um arroto-ideia. Fortuna do aprendiz o supra-alquimista estar por perto para tapar os induzidos buracos), para então depois ser assimilada e associada a um núcleo abstracto e comunitário da equipa de trabalho, ou seja o supra-alquimista...

A ideia que por sua vez é exposta como inovadora para um sistema que poder-se-ia tornar mais rentável sobre um objectivo equacionável de boa distribuição de tempos e tarefas, pelo bom funcionamento em equipa, torna-se um anti-corpo num meio que está viciado moldado numa gestão que gravita à volta da sua auto-preservação que presume mascarar-se de ocupada e trabalhadeira e sublime mas em perpétuo martírio de razões misteriosas. O desiquilíbrio hierárquico por filosofias que soam eficazes contra uma inércia instaurada faz doer os calos ao alquimista-mor. Ele parte para a cruzada às mouriscas ideias inoportunas.

Assim que conquistadas e assimiladas, (
como as moscas fazem com os alimentos: vomitam uma substância enzimática sobre o alimento tornando-se liquefeito e assimilável) é estratégico denegrir-se a imagem do autor das tais ideias ou então escarafunchar-se um erro ridículo (como se se operasse e do erro originasse a catástrofe da morte do paciente) para que toda a suspeita de apropriação seja excluída.
É atribuído um tempo de dissipação de acto, isto é: a ideia só será aplicada, e já com um cunho de chefia, (por encadeamento toda a mesma equipa inerente que não seja a suplente nem descartável), quando esses idealistas ou aprendizes de alquimista que fazem perguntas entretanto já foram corridos (centro de emprego). O fluxo é feito estafeta por novos substitutos das ideias e do bulir, porque o meio está em constante devir já dizia a grande mosca alquimista.

Quando essa conquista se torna dolorosa ou demasiado óbvia, a chefia-alquimista age descaradamente como a vargeira ou como a melga (estratégia mais avançada em que paralelamente se desgasta pelo cansaço e se suga na medida dos possíveis em fracções de desatenção; há casos em que os insectos são esborrachados mas depois d'um nascem mil chiantes). Usa uma filosofia de maratona e desbaste físico e psicológico a longo prazo vencendo pela desistência do aprendiz que apregoa aos ventos paz e sossego e vai dizendo: 'a minha vida não é isto'. O aprendiz acabará eventualmente por sucumbir ao seu eco.
'O que acontece quando as estratégias anteriores não resultam?'
Entramos no viscoso ele mesmo.
Nesse meio pouco higiénico onde aprendizes estagiam para alquimistas, as fugas possíveis são poucas bloqueadas pela subordinação a uma complexa e dificíll emancipação às dependências sociais quer económicas quer psicológicas quer em efeito placebo. O espaço ainda que 'bastante' e 'suficiente' fica circunspecto ao raio de acção da chefia o que provoca uma sensação omnipotente de claustrofobia e vigília constantes, impregnando a liberdade de movimentos com pseudo-ordens roçando o ditatorial, mascarado em pseudo-liberalismo e melhor do mundo.
O meio fica portanto, contaminado. Tal como todos os que estão inseridos no mesmo.
Como ficou restricto e contaminado, o único ponto de fuga possível no meio é o próprio meio de trabalho; porquê? porque julga-se que se está na América e as oportunidades para alquimistas esbanjam-se pelas ruas da fartura, o que já está em desuso alterando-se para "Julgas que estás na Suécia?" (país longínquo não muito bem conhecido). Nesta infecção inevitável, sem escape, tudo impestado, o que acontece? A contaminação transforma-se em dependência psicológica e física. Surge o nascimento simbiótico do stress, a maravilhosa ressaca do stress; o almejar do stress, o culto do stress, a filosofia do coelho atrasado de Alice.
O alquimista tenro fica viciado no modus operandis que o atormenta aliviando-se do veneno em transposições platónicas para o mundo das ideias, ideia a priori que as coisas por auto-análise se recomponham, ideia a priori que correspondendo às exigências seja poupado, ideia a priori que seja valorizado e o seu canudo de alquimista valha por seu desempenho. Amortece nesse leito tépido do projectar-se e suporta o flagelo, já extenuado preparado para uma nova etapa da metamorfose (Kafka: Processo e Metamorfose, mais a metamorfose; vejam as expressões das estátuas religiosas, aliás a quasi ausência de - MNAA).
Nesta etapa do processo, neste caminhar cultural patológico, decididamente crónico e decididamente importado já de longa data, a madre supra melga alquimista injecta o acidoso éter da destruição do eu. Uma farpa que penetra quanto mais se contorce que afunda qual areia movediça quanto mais se esperneia. Um lamiré que projecta ultra-agudos desconcertantes profundamente alcalinos que perfuram barreiras de som e atingem o mole do protegido carácter. Agora fragmentado pela ressonância desse abrasivo fica ferida e mostra-se susceptível aos olhos da má fé.
‘Os filhos da indução cultural patológica e crónica sobre o medo’
«...perda de memória aquando da resolução desse assunto ou objectivo que da teoria quando chega à prática esvanece-se como se se perdesse. <=> (esqueci-me). <=> Processo da criação de algo quando transposto para um suporte... <=> ultra-inibição ou trauma? <=> ...súbito esquecimento do pensamento anterior:
- por trauma de "autonomia de pensamento surgido"
- inibição extrema que apaga o pensamento que brota e associa originalmente ou personalidade independente...mirrada»
in. Diário e confidência do aprendiz-alquimista (antes de se suicidar e antes da metamorfose)
...Perfurada a couraça esconde-se sem convicção essa chaga que se transporta aberta. Os aprendizes chocam e atropelam-se, enfurecem-se e atiram-se aos pescoços uns dos outros atribuindo culpas. Descobrem um outro processo de tornar o veneno uma droga aprazível. É inevitável o distanciamento pelo evitar do confronto com a grande autoridade. A lei de Pavlov comprova-se até mesmo em aprendizes de feitiçeiro. O meio interno toma conta do funcionamente externo. Os tenros alquimistas transportam para suas moradias a consciência desnorteada pela culpa, esse virus que não se viu, tal como a sobrevivência indistinta que se move sem essência...
Surtem efeitos as réplicas do epicentro medo. Nasce a complacência e partilha que purga ou faz catarse a essa azia emotiva e psicológica. Esses lapsos de camaradagem seja espasmódica ou contextual alentam o para além nos patamares das ideias e uma não cristalização num palco que se impõe como real e absolutista. As personalidades fragmentam-se e nasce o eu que caracteriza a projecção do mesmo. Esse eu epidérmico, facial e marioneta do outro eu que analisa o exterior contemplando as acções do que se apresenta como alquimista, arquitectando-o ao mesmo tempo protegendo-o.
Os alquimistas que ainda não são alquimistas, fechados nessa redoma magnética, nesse vazio e abstracto invisível que impõe à matéria daquele que está condicionado, desprendem-se do discernimento nítido. Uma vez atingido o eu que arquitecta ou uma vez estando em iminente estado de sugerido perigo; porque já foi aplicada a magia-mor, os pós macabros assustadores, o medo salpicado; ele qual aranha encolhe-se malucando estratégias defensivas convencido que ainda não foi descoberto. A sua índole que considera merecedora dum espólio enobrecedor envenena-se misturando o arquitectado defensivo com a postura quotidiana, esse eu que acha ser e é arquétipo de si mesmo, o lado bom que o alquimista tenro projecta de si é minado num orgulho ou coisa mole atingida, que se transforma num malabarista do seu carácter, perdendo-se angustiado não conseguindo ripostar à chefia psicótica que se julga alquimista. É o início da quimera e da batalha dos eus que quais antagónicos D. Quixotes se viram contra os seus colegas alquimistas tenros estagiários julgando-os barulhentos moinhos-chefias.
A têmpera desse vómito que atingiu o eu que se julgava escondido e protegido impregna-se na sua índole. É o nascimento da baba que se atira às costas dos outros, o prodígio de todos os alquimistas e o gral para os verdes estagiários.

'...E da baba que tocou veio a voz, e da voz despertou a inteligência e dela brotou a baba que se atira às costas dos outros...'

O que é imposição é apoteose.
O que é pergunta é amargo.
O que se submete e finge ser autoritário é aprendiz escolhido
O que pensa pelo grande e é viscoso é o bobo
O que atiça os aprendizes com a baba e só ama o grande é o braço direito
O que aprende as magias e leis da manha será o eleito
O que esconde na resposta a divergência será o sábio
O que usa os ombros do outro para trepar será o alquimista-lança
Aquele que não aceita a ordem será expulso,
A culpa é para ele.

In. “Leis da Alquimia portuguesa” arma secreta nº 3
O funcionamento em trabalho atinge os píncaros dum remoinho existencialista fractal, sobre a questão invisível que paira qual espectro que se crava, quer se queira quer se não queira, não fosse o orçamento de estado ser agora uma miragem: algum alquimista será expulso, algum será o bode expiatório. É inevitável no consciente que se diz inconsciente não existir uma contaminação dessa baba que já se instaurou. É inevitável não existir influência na postura associada a um tempo de vida que resulte e se estique por uma estratégia de sobrevivência. Os outrora alquimistas que por lapsos sentiram fraternidade, jogam agora o jogo do cinismo e pelas costas atiram baba uns aos outros, criando alianças estratégicas por egoísmo destituindo fortes que enfrentam. O morno do meio que antes abafava e sufocava é agora o oxigénio do aspirante a alquimista.
"...Julgando eles que estão num campo de concentração, incapazes e obcecados por manterem seu poiso, não enxergam que me dão de comer à boca quando se engalfinham uns com os outros agradando-me. A sua submissão dita nobre por não ser abrupta nem de imposição tropeça em seu pedantismo e narcisismo galopante enclausurado, que se afinca à crença da não capacidade de romper, que cego destrói a hipótese de me destituir..."
In. Raros trechos do Desconhecido Alquimista Grande
Não se sabe quem é o supra-sumo-alquimista, nunca se soube. Ouviu-se falar e dá-me a parecer que alguém já o viu. O pai do alquimista mor parece que uma vez o amigo do primo contou-lhe que mas não soube bem e assim mais não sei quê, parece que é terrível; não tenho nada a ver com isso e isto que escrevi disseram-me não fui eu que quis.
In. Notas do autor (A viscosidade laboral)

Comentários

  1. que aprende as magias e leis da manha será o eleito
    O que esconde na resposta a divergência será o sábio

    magias,leis da manhã são todos aqueles que gostam de viver e não perguntam porque é que é assim a vida. que não se escondem na respostas dos outros não pensam,mas isto tambem é errado todos pensam nem que seja no sal que precisam na mesa....Eleitos e sábios somos todos, a divergência é só educacional e uma esperança pela faternidade dos seres humanos todos os dias, em que o momento é aquele que quiseremos.
    Zé Tomé o confronto de valores é inevitavél em cada momento da vida , a opção é escolher e caminhar pelo o objectivo que queremos na Boavida :)

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  2. manha às horas que eu pus o post estava a pensar que é bom dormir de manhã ,mas manha, cinismo, são herdeiros da estupidez dos próprios ehehehe mas mantenho o que disse
    um abraço e aparece na tabacaria
    sou estou aberto das 10h às 15:00
    não gosto do verão por causa disto e de outras coisas mais..enfim

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